sexta-feira, 24 de julho de 2009

Lanzarote, um Ironman duro e belo

Do meu ponto de vista este foi o ironman mais difícil e mais belo que já participei. Juntou o vento forte de clima tropical de St Croix, Fortaleza e do Havaí, as subidas da Alemanha e a de St Croix, o calor do Havaí e Fortaleza, a beleza de uma ilha vulcânica do Havaí e a simpatia das pessoas aplaudindo e dando incentivo da Alemanha e do povo brasileiro. Isto tudo regado a belas paisagens. O ironman é uma prova dura, mas vale a pena agüentar um pouco mais esta dificuldade e correr um ironman em Lanzarote. A prova tem que ser vista com outros olhos. Esqueça de tempo e resultado e simplesmente curta a prova e o visual. O resultado será conseqüência, mas esta experiência de vida e a curtição da prova serão inesquecíveis. Recomendo ir com ótimas companhias para fechar com chave de ouro.
Há anos que pretendia fazer esta competição e sempre ouvir falar que era doideira por ser uma prova muito dura. Somente meu amigo Huka que já havido estado por lá falava que eu iria gostar. Queria companhia para ir e não encontrava, porém este ano dois amigos com espírito ironman resolveram enfrentar as dificuldades da prova. Partirmos nós três para as Ilhas Canárias para quebrar este mito que por ser uma prova dura não valeria a pena ir. Eu, Huka e Ramiro pegamos o avião e fomos rumo ao outro lado do oceano atlântico para representar nosso país nesta prova respeitada pelo mundo todo. Logo de cara já entramos no clima da curtição e fomos nos divertindo do Brasil até Lanzarote. Havia uma garota ao nosso lado no avião que ficava se segurando para não rir de tanta bobagem que fazíamos e falávamos. Era um tirando sarro do outro. Chegando as Ilhas Canárias já deslumbramos de um belíssimo visual do avião vendo um oceano azul e transparente sendo apenas interrompido por ilhas vulcânicas com casas todas brancas com arquitetura do mediterrâneo. Após nos estabilizarmos no hotel e reconhecimento do local conhecemos duas loiras que nos tiraram mais ainda do serio ate o final da viagem. Uma era a Dourada e outra a Estrela. Duas marcas de cerveja que regaram as noites de Lanzarote, acompanhadas de pizza, que nos alegrava ainda mais as noites do local. Mas nem tudo era risada e na quinta quando saímos para pedalar pegamos um vento lateral um pouco de frente de 40km/h, comunicado pelos locais. Estávamos na descida fazendo força para conseguir ir para frente e toda hora sendo jogado para fora da estrada. Estávamos pedalando na reta com o corpo bem deitado para controlar o ruma das bicicletas. Tivermos varias vezes que parar, pois estávamos sendo jogados para as pedras fora do acostamento e quando segurávamos as bicicletas elas queriam literalmente sair voando. Ficamos bem apreensivos pelo risco que poderia ser o percurso do ciclismo. No dia da prova o vento estava forte, porém com uma intensidade segura de se pedalar. Para contrabalancear este susto havia o mar com uma água azul transparente um pouco gelada, mas suportável e parecendo um aquário. No treinamento ate paramos de nadar para observar os peixes e corrais que haviam no fundo daquele mar maravilhoso. Outra coisa boa era correr na beira mar com aquele visual e sempre passando pessoas com caras boas nos distraindo e alegrando aquele momento de prazer. O calor forte é meio despercebido por causa do constante vento. Sempre tomamos atenção com o sol porque este é uma maneira de queimarmos e desidratarmos sem perceber.
No dia da prova como todo iron acordamos cedo e fomos nos preparar para a largada. Muita gente para assistir e 1006 atletas prontos para a largada. Por a água ser muito transparente, o percurso ser todo balizado e estar com roupa de borracha, sai da água com uma hora de natação. Meu melhor tempo ate hoje. Sai para pedalar com muita disposição e me sentindo super bem, mas sabendo que o pior viria depois da metade do percurso. Um porque perto do km 90 começam as subidas fortes e no iron depois de 120km é aonde o ciclismo começa a ficar bem desgastante. Um ponto fraco que achei na prova e a distribuição de água e isotônico durante o ciclismo. Após o km 100 fiquei sem isotônico e sem água e em um dos postos de abastecimentos não consegui me hidratar direito. Resultado, comecei a me sentir bem desgastado e só fui conseguir me reabastecer depois de 20km. Com isto tive que diminuir o ritmo e uns setenta atletas me passaram, mas aproveitei para curtir muito o visual. Em uma das subidas fortes temos uma vista maravilhosa e da vontade de parar e tirar umas fotos. Como toda subida desce, pegamos umas descidas muito fortes e como não conhecia o que viria após cada curva e estávamos beirando um precipício resolvi frear um pouco mais e descer em segurança. No final do ciclismo temos bastante descidas o que da para recuperar um pouco as pernas para a corrida. O ciclismo possui o tempo todo muitas subidas, o vento esta sempre forte variando por todos os lados, o calor é intenso, muitos trechos de estrada o asfalto é áspero porque passamos por estradas secundarias e temos que ¨escalar¨ dois vulcões. Este é o ciclismo de Lanzarote. Final do ciclismo chegamos novamente a área de transição. Muita gente aplaudindo e já alguns atletas correndo. Sai para correr um pouco forte e logo de cara senti que o vento iria segurar um pouco e o calor iria castigar muito. A estratégia seria não deixar de me alimentar e hidratar bastante a cada posto de abastecimento. O percurso são quatro voltas com pequenas subidas bem leves sempre na beira mar com um publico bem caloroso dando palavras de força e incentivo. Não querem que paramos de correr por nada. A estratégia era não andar e cruzar a linha de chegada com saúde e alegria de estar completando aquela prova tão dura, mas também muito linda. Após 11:03h completei os 3.800m de natação em um mar maravilhoso, pedalei 180km percorrendo a ilha de Lanzarote e atravessando vulcões e corri 42,195m debaixo de muito sol e sendo aplaudido por muitas pessoas calorosas. Meu 12º foi completado. Tive o prazer de conseguir pedalar 100km próximo de meu amigo Huka que hora ele me passava e hora eu passava ele e correr 21km do lado do meu amigo Ramiro que tornou a corrida muito menos desgastante. Na minha categoria deixei cerca de 150 atletas para trás ficando em 32º e no geral deixei quase 800 atletas para trás ficando em 201º. Missão cumprida e ¨carona para mais um elefante¨. Falo isto porque comento que após cruzar a linha de chegada em um ironman parece que tiramos um elefante das nossas costas.
Conhecemos atletas da Itália, França, Paraguai, Uruguai, Argentina, Austrália, ou seja, acabamos conhecendo pessoas e cultura do mundo todo. Todos sempre bem dispostos e gente boa.
No comercio de Lanzarote as pessoas são bem receptivas e fizemos amizade com bastante pessoas que trabalham no local. Até ganhamos rodada da nossa amiga loira Estrela que nos alegrava as noites.
As praias de Lanzarote são paradisíacas e conhecer os vulcões são uma beleza a parte.
Lanzarote... eu recomendo

2 comentários:

  1. Carlos.

    O ciclismo de lanzarote é tão duro quanto parece?

    abs

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  2. Caramba...quase um ano depois percebi que vc havia feito uma pergunta....sim...o ciclismo de Lanzarote foi o mais dificil que ja fiz em ironman e o local mais seco que ja competi, porem o mais belo tirando o ultraman do Hawaii.

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